Um antídoto para o caos – 12 regras para a vida
Em um tempo que mudanças ocorrem sem precedentes, as estruturas familiares desmoronam, a educação se degenera em doutrinação e a sociedade política está perigosamente polarizada.
O Dr. Jordan Peterson um dos pensadores mais populares do mundo, com décadas de ajuda aos seus clientes como psicólogo clínico e professor aclamado em Harvard e na universidade de Toronto, oferece em seu livro 12 regras para a vida que são um verdadeiro antídoto para esse caos.
Vamos a essas 12 diretrizes profundas que vão te ajudar a percorrer o caminho da vida de forma integra.
Regra 1 – Costas eretas, ombros para trás
A primeira regra fala sobre o poder que a nossa linguagem corporal e atitude tem, sobre a forma como nos relacionamos e como as outras pessoas que interagem conosco nos notam.
Esse comportamento é verificado não só em seres humanos, mas também em animais. O exemplo que Peterson utiliza são as lagostas que enfrentam a derrota, na briga territorial, mudam a dinâmica do cérebro do crustáceo. A lagosta derrotada perde sua autoestima e assume a partir daquele ponto um papel de submissão.
A sociedade humana também possui relações de hierarquia, que aprendemos a lidar ao longo das experiências de nossas vidas, e a forma como nós mostramos também possui um forte Impacto. O autor defende que a bioquímica cerebral é afetada por nossa postura e nossa autopercepção, então recomenda que ao invés de levarmos a vida cabisbaixos e olhando para o chão, devemos ter uma postura ereta e um olhar confiante sobre a vida.
Regra 2 – Cuide de si mesmo como cuidaria de alguém sob sua responsabilidade
Nesse capítulo ele traz como exemplo uma pesquisa que foi realizada com 100 pessoas que precisavam tomar um certo remédio, um terço das pessoas não chegaram sequer a comprar o medicamento, outro terço não tomou o medicamento de forma correta.
Fica evidente que não estamos cuidando de nós mesmos como deveríamos, é de fundamental importância que tenhamos um autocuidado. Imagine a pessoa que você ama precisando de cuidado, é quase certo que você fará de tudo por ela, mas por que você não faz o mesmo por você? Então, cuide de você como cuidaria de alguém que você é responsável.
Regra 3 – Seja amigo de pessoas que queiram o melhor para você
Como são seus amigos? Quem são as pessoas do seu ambiente social? Muitas indivíduos negligenciam quem são as pessoas que estão ao seu redor.
Peterson argumenta que devemos nos cercar de pessoas que possam nos inspirar de uma maneira positiva. Devemos sempre ser os responsáveis por nossas escolhas, mas um ambiente social ruim te influenciará negativamente.
Muitos possuem um hábito ainda pior, mesmo sabendo que uma certa amizade é duvidosa, mantém aquela relação na esperança de o ajudar atuando com uma espécie salvador. O autor diz que em algumas situações podemos gastar esforços preciosos tentando ajudar alguém, mas nem todos que sofrem são vítimas ou aqueles que caem estão dispostos a se erguer.
O autor não diz para evitar ajudar as pessoas em todas as situações, mas sim antes entender o porquê aquela pessoa precisa de ajuda, entendendo o problema dela será economizado tempo e esforço, assim você poderá ajuda-la de forma assertiva.
Fique ao lado de pessoas que estejam dispostas a sorrir e chorar ao seu lado, apoiar-te quando fizer algo construtivo, porém também aconselhar quando fizer algo errado.
Antes de iniciar uma amizade pergunte se essa pessoa é o tipo de pessoa que você quer na sua vida, se ela é uma influência positiva, que entrará na sua vida para agregar.
Regra 4 – Compare a si mesmo com o que você foi ontem, não com quem outra pessoa é hoje
Em nossas mentes possuímos um crítico interno, uma voz que que nos ofende e nos paralisa. Quando você está focado em algum objetivo e eventualmente acontece algum erro essa voz crítica vem para te atormentar, muitos estão tão focados em seus objetivos que quando alguma coisa sai do planejado ficam frustrados.
Peterson alega que isso é normal, sendo natural que o nosso foco esteja naquilo que nos interessa no momento, nosso sistema visual evoluiu de uma maneira que enxergamos somente os objetos de nosso foco e todo o resto fica embaçado. Assim, economizamos recursos e focamos somente no objetivo que consideramos o mais importante.
O mesmo acontece quando estamos focados com o nosso trabalho, ficamos tão fixados no resultado final que esquecemos das pequenas conquistas ao longo do caminho, a voz crítica estará lá, comparando os seus resultados com de outras pessoas.
O autor traz uma solução, dizendo que devemos ter metas alcançáveis evitando a pressão excessiva no resultado final, aproveitando a caminhada e sentindo prazer em cada avanço, mesmo que pequeno. Trate esse crítico interno como alguém que trabalha para você, não seja escravo de você e nem de qualquer outro.
É verdade que alguns indivíduos mudaram o rumo da história, mas isso não aconteceu do dia para a noite eles subiram degrau por degrau, foram de pequenas conquistas em pequenas conquistas. Com sua jornada não será diferente, você precisa entender que se trata de um processo não compare o estágio final de uma pessoa com o que você é hoje. Compara a si mesmo com que você era ontem e não com que uma outra pessoa é hoje.
Regra 5 – Não deixe que seus filhos façam algo que faça você deixar de gostar deles
Não importa muito se você tem filhos ou não, aqui estamos diante de um tema polêmico para todos aqueles que já tem filhos ou pretendem ter filhos no futuro.
Você já reparou que as crianças de hoje têm menos respeito com seus pais do que nas gerações anteriores? Segundo Peterson, isso se dá pelo fato de muitos pais não disciplinarem seus filhos de uma forma correta, eles não estão seguros com relação ao tipo de vínculo que estabelecem na hora de educar uma criança. Há pais que preferem serem amigos de seus filhos, o que não é necessariamente uma coisa ruim, entretanto esse tipo de relacionamento baseado somente nesse aspecto limita a autoridade do pai.
Amizade é uma forma de socializar, enquanto os pais possuem uma gama maior de tarefas a cumprir como prover, nutrir, cuidar, instruir e disciplinar.
Uma parte significativa dos pais de hoje, mimam seus filhos de forma exagerada, ao invés de educar e disciplinar, os recompensam. O autor conta que ao tomar conta do filho de um amigo durante uma noite, o amigo reclamava que o filho não dormia e saía de seu berço, e ao fazer isso o pai dava vídeos de desenho animado para criança assistir, esse gesto nada mais é do que uma forma de recompensar e aprovar o mau comportamento da criança.
Os pais devem recompensar boas ações, conquistas e respeito. Mas hoje querem evitar conflito com suas crianças e evitam que eles fiquem bravos, mas é melhor que seu filho fique chateado temporariamente do que ajudar na criação de um futuro tirano.
Há uma falsa crença que o ser humano nasce bom e a sociedade o corrompe, mas verificando a história vemos que isso não se trata de uma verdade. Com o desenvolvimento da civilização fomos criando novas formas de melhor interação e os pais têm papeis ativos nisso, é tarefa dos pais instruir e disciplinar seus filhos com boas condutas, para que não se tornem indivíduos violentos e de difícil trato com os outros. Eduque seus filhos para que eles sejam bem-vindos em qualquer lugar.
Regra 6 – Deixe sua casa em Perfeita Ordem antes de criticar o mundo
Diante do mundo complexo que nos cerca temos que enfrentar inúmeras questões e muitos indivíduos apresentam soluções simples para esses problemas, sendo muito comum transferir a culpa em algo ou alguém.
O sofrimento é parte da vida, todos que vivem o experimentaram de alguma maneira. Existem diversos nuances e contextos da realidade que não nos é permitido mudar. Peterson nos adverte a não ter um olhar frustrado sobre os inúmeros problemas do mundo que nos cercam, mas olhar para dentro e começar a mudança a partir de si.
Faça uma reflexão profunda sobre a sua vida, como você se relaciona com a sua família? Como é seu desempenho no trabalho? Você interage com seus amigos? Como está a sua casa? Ao invés de ficar intimidado com questões que não estão ao seu alcance, comece pequeno resolvendo as suas questões pessoais, e verá a sua vida ter uma melhora significativa. Antes de tentar arrumar o mundo tente arrumar seu próprio quarto.
Regra 7 – Busque o que é significativo, não o que é conveniente
A vida é uma luta constante, um caminho de altos e baixos, essa percepção de como a vida é difícil pode nos levar acreditar que o escapismo é a melhor saída. O escapismo é a busca pelo prazer, o aqui e agora, uma ansiedade por um futuro imaginário ou simplesmente a paralisia da inação.
O autor argumenta que embora a vida seja árdua, aquilo que vai nos garantir uma melhor qualidade de vida é o sacrifício. O sacrifício é fundamental pois é através dele que abrimos mão de algo no presente para obtermos algo ainda melhor no futuro.
Quando você quer passar em alguma prova será necessário sacrificar tempo com amigos e família, horas de lazer em prol do objetivo almejado. A noção de sacrifício, de entrega de uma felicidade no presente em troca de algo ainda maior no futuro é a chave entre o sucesso e o fracasso.
Regra 8 – Diga a verdade. Ou, pelo menos, não minta
Peterson fala que as mentiras vão além das convicções morais, elas têm consequências em nossas vidas cotidianas e em nossa saúde, todos mentem em alguma medida, mas nem todas as mentiras são maliciosas. Alguns mentem para esconder uma parte que não querem mostrar ao mundo, para agradar as pessoas ou para escapar de uma situação indesejada.
A mentira tem um efeito bola de neve, para sustentar uma mentira inicial são necessárias diversas outras, essa situação vai se expandindo até virar um caos completo.
Uma forma de mentira muito comum é aquela que contamos para nós mesmos. Idealizando cenários utópicos, com vidas perfeitas situações isentas de problemas, criamos expectativas inalcançáveis que causam muito sofrimento a nós mesmos.
Diante desse cenário separe um momento para reflexão, não disfarce a realidade. Dizer a verdade leva uma realidade mais habitável ao ser, a verdade constrói edifícios que podem durar mil anos. Se sua vida não é o que você imagina ser, experimente dizer a verdade. Mesmo se sentindo fraco, rejeitado, desesperado e confuso experimente dizer a verdade, ou pelo menos não minta.
Regra 9 – Presuma que a pessoa com quem está conversando posso saber algo que você não sabe
O autor como psicólogo destaca a importância de ouvir, ele como profissional tem que estar apto a ouvir. Mas essa postura também é essencial para quem deseja interagir de uma melhor forma possível com outras pessoas.
Ser ouvido é muito satisfatório, nós temos preferência por sermos ouvidos do que escutar as pessoas. Grande parte das discussões são baseadas em pessoas que não possuem habilidade de ouvir, não saber escutar os outros também geram conselhos ruins, devido à falta de atenção no outro.
O ato de escutar é engrandecedor. Peterson destaca que a maior forma de sabedoria consiste não no conhecimento que já se possui, mas na busca continua por conhecimento. Ele destaca o famoso exemplo de Sócrates que foi considerado o homem mais sábio da Grécia segundo o Oráculo de Delfos, visto que ele sempre buscou a verdade, pois era conhecedor de que aquilo que sabia era ínfimo perto daquilo que ele não sabia.
Então sempre presuma que a pessoa com quem está conversando possa saber algo que você não sabe, escute ela com atenção.
Regra 10 – Seja preciso no que diz
A vida não é fácil, mas existe algo que pode complicar ainda mais, a falta de precisão. Quando nos deparamos com algum problema o primeiro passo da solução é descrevê-lo de forma precisa.
Você precisa determinar aonde está indo em sua vida, pois não chegará lá a não ser que se mova naquela direção. Vagar aleatoriamente não te levará a lugar algum. Só causará frustração, te deixando decepcionado, ansioso e infeliz.
Aja conforme o que diz para que possa descobrir o que vai acontecer. Perceba seus erros, esforce-se para corrigi-los e assim eventualmente vai descobrir o significado da sua vida.
Confronte o caos, enfrente os problemas, especifique seus objetivos e caminhe em direção a eles. Admita para si mesmo o que você deseja, e diga a todos ao seu redor quem é você. Especifique com olhar atento, caminhe de forma clara e direta, seja preciso no que diz.
Regra 11 – Não incomode as crianças quando estão andando de skate
Os seres humanos adoram desafios, isso se reflete ainda na infância, mesmo em parquinhos de diversão, até mesmo aquilo aparentemente seguro, elas dão um jeito de tornar os brinquedos mais desafiadores e por que não até perigosos.
Isso também acontece em outras atividades, como por exemplo andar de skate. Assim que o skatista domina um conjunto de habilidades, ele automaticamente vai em busca de mais. Por manobras mais ousadas e arriscadas.
Um olhar raso pode enxergar somente irresponsabilidade, mas o que esses jovens desejam é competição, eventuais quedas ou machucados são motivadores para se tornarem mais habilidosos e mais fortes.
Daí se dá uma grande lição a ser passada a nossos filhos, é preciso encorajar os jovens para serem resilientes em tudo que se proporem a fazer. O desenvolvimento de uma nova habilidade inclui o cometimento de erros, e no caminho do sucesso você inevitavelmente passará pelo fracasso.
Não se deve criar um ambiente de superproteção as crianças, é necessário permitir que explorem se machuquem, façam e cometam erros. É dessa maneira que elas ficaram mais fortes e aptas para enfrentar os desafios do mundo e proporcionar que a sociedade se desenvolva.
Regra 12 – Acaricie um gato ao encontrar um na rua
Essa regra traz uma lição muito importante, de apreciar a vida mesmo em seus momentos mais difíceis. Pequenas coisas têm grande importância.
Se você prestar atenção, até mesmo em um dia ruim encontrará pequenos momentos de felicidade. Um bom café, um momento com a natureza, uma criança brincando na rua, acariciar um animal ou aquela coisa boba que te diverte. Esses pequenos momentos possuem muito mais valor do que possamos imaginar se dermos a eles a devida atenção.
Talvez quando você estiver cheio de problemas, simplesmente apareça um gatinho em seu caminho, se você der atenção para ele, terá um pequeno vislumbre de quão maravilhosa a vida é. Compensando até mesmo o sofrimento que inevitavelmente nos acompanha.