Americanas vai falir?
Veio ao público um buraco de 20 bilhões no balanço da Americanas, gerando incerteza sobre o cenário entre as instituições financeiras, clientes e agentes do mercado financeiro. Afinal, a Americanas irá falir?
Uma gigante do mercado Varejista da América Latina em menos de 72 horas viu seu CEO pedindo demissão. Um desabamento de suas ações e denúncias contra a empresa nos órgãos responsáveis por controle e fiscalização.
Para ilustrar o que de fato aconteceu com a Americanas, a Rico e Inteligente resumiu tudo que se é conhecido até o presente momento. Além dos principais questionamentos de investidores e clientes, vamos esclarecer tudo agora para você
Entenda o caso
Após ser descoberto um possível rombo de 20 bilhões de reais na contabilidade da empresa, através do ex-CEO das Americanas, Sérgio Rial, que assumiu essa posição no dia 2 de janeiro desse ano. Depois das notícias, as ações despencaram cerca de 90%.
Graves problemas foram expostos, na análise preliminar nos lançamentos contábeis da empresa que tem relação com “fornecedores”, e com as denominadas “operações de financiamento de compras “.
Em resumo, a empresa financiava em bancos o pagamento dos fornecedores, mas supostamente não havia uma prestação de contas de maneira idônea nas demonstrações financeiras.
O reflexo disso, foi o pedido de demissão do presidente e do diretor de relações com os investidores Sérgio Rial e André Covre. A empresa admite que o ” efeito caixa ” e que as incoerências contábeis talvez sejam “imateriais” ou seja não teria impacto imediato, mas reconhece ser praticamente uma tarefa impossível quantificar o tamanho do dano no balanço patrimonial das Americanas e nas demonstrações de resultados.
Sérgio Rial, ex-CEO das Americanas deixou claro que será indispensável um aumento de capital, o que envolveria novos endividamentos para que a empresa se mantenha em atividade.
Auditorias
Diante de tantas inconsistências contábeis recaíram suspeitas sobre as empresas que auditaram os balanços das Americanas, quem vem fazendo esse trabalho desde 2019 é a empresa PWC, que sofrerá investigação do CVM (comissão de valores mobiliários, uma autarquia com poderes para disciplinar, normalizar e fiscalizar a atuação dos diversos integrantes do mercado) e também do Conselho Federal de contabilidade.
Além disso, a ABRADIN (associação dos acionistas minoritários das empresas da bolsa) encaminhou uma denúncia ao CVM pedindo a total responsabilização pelas incongruências contábeis na Americanas com a devida punição.
Varejista e Bancos
Outras empresas do setor de varejo reagiram ao escândalo, depois de uma forte queda em suas ações, tendo em vista um efeito reflexo. A Magazine Luiza e a VIA soltaram notas informando ao mercado que as mesmas práticas contábeis aplicadas na Americanas não são adotadas por elas.
A VIA informou que seus cálculos de ” risco sacado ” são devidamente registrados em demonstrações financeiras seguindo estritamente as normas internacionais de contabilidade.
Outro setor que também foi afetado nessa problemática foram os chamados bancos do varejo. Como o BTG pactual e o Santander, que tem em suas carteiras de crédito cerca de 7% ligados ao varejo. O Santander chegou a cair 3%, enquanto o BTG quase 4%.
Afinal, a Americanas vai falir?
É muito difícil prever o que de fato vai acontecer com a empresa. Até o momento, sabe-se que a mesma ingressou na 4° vara Empresarial do Rio de Janeiro com um pedido de tutela cautelar de urgência que foi acatado.
Assim, a medida garante que seus ativos não sejam bloqueados por um possível pedidos de credores.
A Americanas fica também livre de pagar suas dívidas por um período de 30 dias até decidir se vai pedir ou não a sua recuperação judicial. Após isso a tutela antecipada perde seu efeito.
Entretanto, a empresa através de comunicado garantiu que tal tutela de urgência não significa um pedido de recuperação, segundo ela seria somente uma garantia de continuidade de seus serviços e de seu compromissos assumidos. Preservando-se, assim, o valor da empresa e garantindo a manutenção e prosseguimento da atividade negocial e de sua função social.
Já, para muitos especialistas do mercado, indicam a varejista em “modo de sobrevivência “. Devido ao seu gigante endividamento, o que levaria a cortar investimentos e empregos.